sábado, 25 de maio de 2013

Prólogo



Era início de milênio, a casa estava cheia; cheia de familiares. Era aniversário de Brenda. Garota jovem ainda. Convidara apenas seus familiares e no máximo três colegas do trabalho. Brenda tinha longos cabelos cacheados e marrons. Era uma bela morena, altura suficientemente boa para qualquer marmanjo que a quisesse, mas ainda era solteira.
Quando se juntavam todos para cantar os parabéns; a mesa rodeada de guloseimas. O telefone tocava. Poucos ouviram, mas Brenda estava preocupada com sua vida, e sem prestar muita atenção para o que a maioria dizia, ouviu o telefone e foi atender.
- Alô – Ela dizia.
- Olá, cara aniversariante – Uma voz simulada e ofegante estava do outro lado
- Quem é você?
- Pode me chamar de divindade se quiser.
- Você está me assustando...
- Não se preocupe minha querida. Logo não terás porque se preocupar.
                Brenda, assustada, desligara o telefone. Voltara para a mesa e assoprava logo as velas. Subitamente correu para seu quarto e trancou a porta. No seu quarto deitou-se em sua cama leve e lisa. Olhou o toca-fitas e apertou o play, nada tinha a fazer então apenas ficava ali deitada e vendo o céu estrelado como de costume.
                O telefone do quarto tocava; Brenda apavorada não atendeu ao telefone. Ainda estava assustada com o ocorrido de antes. Repentinamente ouvira um bater de dedos na porta. Ouvira uma voz suave dizendo:
- Brenda, querida, venha aproveitar sua festa.
                Ela reconhecia a voz; era sua mãe. Resolvera abrir a porta para descer. Não tinha porque se preocupar. Fora só um telefonema aleatório...
                Ao abrir a porta, procurava sua mãe. Já não a via mais. Resolveu ver as escadas. Antes de descer percebeu que seu telefone tocava novamente. Quem seria a esta hora da noite? Brenda tinha poucos amigos, passava o dia quase todo trabalhando. Seu tempo livre ficava lendo um livro qualquer ou ouvindo músicas.
 Atônita a garota corre para o quarto. Chegando lá o que vê é sua mãe, deitada em sua cama, e com um dedo no livro; como se marcasse o lugar onde parou para olhar a filha. A estampa da colcha mudava dum rosa para um vermelho mais escarlate. Era sangue. Pensava ainda não possibilidade de sua mãe ter menstruado... O telefone toca. Brenda se vira para atender. Quando tira o telefone do gancho, apenas ouve-se outro disparo silencioso.
O moço que atirara na mulher terminara o serviço pedido; por fim dissera:
- Me chame de divindade, Brenda, querida. – Disse ele com uma risada desdenhosa. O telefone voltava a tocar, dessa vez não era ele. O rapaz era um dos poucos que possuía um telefone móvel na época. Era um aparelho caro, ainda.
                Movimentava os corpos lentamente com um arrastar um pouco barulhento. Deixava os corpos um em cima do outro. Formando um “x”. Saíra de cena como se fosse um convidado normal da festa.

sábado, 11 de maio de 2013

Resenha do filme: "Somos tão jovens"

Me sinto um velho

Eu estava vendo o filme e ao pensar em fazer essa resenha, queria começar dizendo: “Se você não conhece da história do cantor, é até um bom filme; mas...” Porém quando o filme acabou eu fiquei: “sério que o filme acabou?” eu via os créditos finais de modo pasmo. Não dava para crer que o filme estava acabando ali. Simplesmente não dava...

Você entra na sala já pensando que é uma biografia sobre o cantor Renato Russo, que de Russo não tinha nada, ele mesmo adaptou esse sobrenome para ele em homenagem a dois de seus grandes ídolos.
O filme começa e você nunca imaginava aquilo do Renato, eu, pelo menos não... Contam a história de quando ele foi integrante de uma banda chamada “Aborto Elétrico” e depois mostram que ele brigou com a banda e ficou cantando sozinho; voltou para a banda depois de um tempo; logo se separaram bem rapidamente.
O Renato ficou solitário ao ponto de perder sua amizade com sua melhor amiga, quando ela disse para assumir seu amor pelo Fábio. Ele assumiu e acabou indo para outra cidade por uma vergonha. Conheceu um moço e com ele não sabemos se houve mais algo que um breve conhecimento.
Num de seus shows o resto da banda “Aborto Elétrico” ficou-lhe jogando desdém. O Russo ficou irritado, porém, com uma forma de revide, ele pegou as moedas jogadas e disse que ia beber.
Um dia o Estrangeiro que de russo nada tinha, foi a um show do Aborto elétrico e eles lhe pediram que cantassem com eles, pois estavam sem seu novo vocalista. Depois do show eles conversam para uma possível volta da banda. Voltam, mas com um novo integrante. E mudam seu nome. Nasce então a Legião Urbana.
O Renato recebera uma revista de uma espécie de empreendedor. Fica todo feliz, pois vão fazer um show no Rio de Janeiro. O show feito, e o filme acaba após uma música do show.
Eu fiquei simplesmente olhando os créditos finais, achando que era uma brincadeira de mau gosto, ou algum erro do filme; eu não podia acreditar que aquele ali já era o fim do filme. O filme simplesmente acabou na parte do ápice, na parte em que o Renato se ascende diante do Brasil, do mundo inteiro.
Caso vá haver um “Somos tão jovens 2” eu serei o primeiro a não querer ir. Não com o meu dinheiro, pelo menos; Seria calúnia isso. É algo horrível de ser feito, se for pela bilheteria, claro. É revoltante isso. Eu não irei. Eu estou simplesmente revoltado com o assunto. Como fazem um filme sobre um dos, considerados, melhores cantores de sua época; fazem-lhe uma biografia e nela, a parte mais interessante não é mostrada?
Quando estava vendo o filme, já tinham me dito que não era lá essas coisas, e quis ver o filme para defender o filme; por isso queria começar este documento com, como citei a cima, “Se você não conhece da história do cantor, é até um bom filme; mas...” ... Mas não tem como. É simplesmente revoltante. Se você quiser saber sobre a história do Renato Russo, aconselho-lhe que ou compre uma biografia melhor, ou espere que haja uma continuação desse filme. Será desperdício de dinheiro, garanto. Até é mais barato comprar o CD do cantor do que assistir esse filme. Se você, caso, quiser ver o filme pelo menos pelas músicas. Compre o CD, é bem mais recomendável.

 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Coração Folgado

Coração Folgado:

Hora quer amar
Hora quer perder
Mas ficar só nunca quer
Pode um coração, desses, bipolar?

Dar-te-ia diamante
Teu riso é viciante
Dar-te-ia tudo
Pois, tu, mudaste meu mundo.

Por ti o que sinto
É algo extraordinário
Algo dito imaginário
Amo a ti e fim!

Sentimento indescritível
Mais que amor, é possível.
É doce; e até suave.
Quero, teu, eu ter.

domingo, 5 de maio de 2013

Capítulo 4

Capítulo IV

               

                Acordo, eu, já no meio da noite; e vendo a lambuzada que fizemos no dia anterior, acordo meu companheiro e nos dispomos de um banho. Tiramos a capa da cama e deixamos a mesma sem coberta, além da nossa própria pele.
                Ao sairmos do banheiro, mal nos lembrávamos do garoto que ali virava novo inquilino. O garoto estava parecendo um anjinho enquanto dormia, mal pensávamos que no início do sol já teríamos de acordá-lo, pô-lo em banho, outra roupa e levá-lo a uma escola.
                Passei-lhe a mão em seu couro cabeludo e eu parecia identificá-lo como um familiar, e de família não entendo tão bem. Mas deixo para contar minha história em outro lugar.
                Voltei para cama, e esperava meu marido terminar seu banho; estava, eu, deitado e tentando olhar as estrelas pelo buraco da janela que ali havia. Porém pouco, eu, conseguia ver, já que o teto atrapalhava. Levantei-me para vê-las melhor. O Raphael chegou por acaso, ali, e já se deitava na cama, o moço estava cansado.
                Olhei o relógio e ainda era 02h37min, o que era um bom horário pra voltar a dormir. Pus-me ao seu lado e lhe beijava sua nuca cheirosa. Simplesmente dormi tão rapidamente de um jeito que nem pisquei direito. Ao contato de minha face com a do travesseiro, me pus a dormir.
                Acordávamos com um som nacional, bem calmante; de modo que mal queríamos sair da cama.
                Joaquim batia na porta como se estivesse espantado com aquela música, além de que o garoto estava com fome.
                Com uma preguiça tamanha, eu levantava e me espreguiçava. Chacoalhava o moço ao lado de meu travesseiro. Ele não se mexia, e fui até ele, e pensando em beijar-lhe o ouvido, o rapaz se vira instantaneamente e beijo sua boca sem querer.
                Puxei o Raphael da cama, e lhe levava para a sala arrastando-o praticamente. Ele estava com muita preguiça. Pus-lhe em pé e ele preparava nossa refeição. Lembrei-lhe que tínhamos um novo inquilino e ele devia fazer alguma porção a mais.
                Fui me arrumar logo para a escola, e mandei o Joaquim se vestir com uma roupa mais formal. Lembrei que tinha que banhá-lo depois de já tê-lo vestido. Banhei o garoto e logo lhe pus a roupa que tinha acabado de tirar.
                Seguimos para a cozinha e meu marido tinha saído, pelo visto ele tinha ido comprar pão; foi só o tempo de sentirmos sua falta e ele chegou. Tomei meu café e Joaquim, assim como o Raphael, tomavam suco.
                Assim que terminamos a refeição, peguei o garoto em braços, despedi-me do Raphael com um beijo em sua testa e passava os lábios pelo nariz até lhe chegar à boca.
                Joaquim, como qualquer criança, sentia uma repulsa por adultos se beijando, não só pelo fato de sermos do mesmo sexo, mas pelo simples ato de ver um beijo.
                Ele me pegou nos braços e exclamou:
- Vamos?
                Seguindo caminhos diferentes, peguei um ônibus e ali ficava sentado com um garoto em meu colo até chegarmos à escola que eu frequentava. Eu planejava colocar o garoto na mesma escola que eu, assim não teria tanto problema.
                Minha escola era toda azul por fora, possuía uma porta gradeada e uma tintura um pouco antiga. Tinha uma escadaria enorme para entrar nela. Dentro os corredores eram em mármores verdes. O garoto estava de mão dada com a minha e ficávamos ali observando a escola como se fossemos turistas.
                Entramos na escola e fomos logo até a diretoria para saber o que era necessário para a matrícula dele. Sentamos-nos num banco enquanto aguardávamos pela diretora nos atender.
- Está ansioso para estudar?
- Sim – Ele me responde com um sorriso enorme em seu rosto balançando loucamente.
                Após algumas conversas sem nexo nenhum trocadas, a diretora nos chama. Pergunto-lhe o que é preciso para a matrícula do Joaquim. Ela informa que precisamos de certidão de nascimento, comprovante de residência e de que o garoto venha sempre pontualmente e fardado. – Ela diz isso fazendo um riso de agrado para o garoto.
- Moça, mas eu não tenho certidão de nascimento; como faço? – O atrevidinho pergunta.
- Vá com seu irmão ou peça a seu pai para que tire uma – Ela respondeu
- É um caso complicado, senhora... – Eu me intrometi.
- Ele é um garoto de rua que estamos cuidando por enquanto; ainda estamos em busca de algum lugar para ele ficar, ou algum casal que o queira até que estejamos com tudo dentro da lei. Mas por enquanto ele está lá em casa conosco.
- Eu já tenho um casal – Disse Joaquim emburrado
- E quem seria? – Perguntamos juntos, eu e a diretora.
- Você e o Raphael. - Ele fechou os olhos e ainda com um biquinho emburrado e braços cruzados, ele me via estranho.
                A senhora Fátima foi passando seu olhar do garoto para mim, e analisava a situação; ficamos apenas nisso por alguns minutos. Até que ela quebrou o silêncio.
- Senhor, – Ela deve ter visto a aliança, por isso me chamou de senhor. – este garoto pode estudar aqui pelo tempo que quiser. Como ele não tem certidão de nascimento, eu recomendo que a tire, mas no momento precisarei apenas do comprovante de residência.
                Entreguei-lhe a conta de luz deste mês e ela me disse que eu já podia levá-lo até a sua sala.
                Chegamos a sua sala e eu o deixei lá como um garoto normal e novato; era fim de março ainda, não o estranhariam tanto assim. Baguncei-lhe o cabelo e me despedi dizendo que estaria ali na hora da saída.
                Segui até a minha sala de aula e informei ao Raphael que tudo estava correndo bem, e que o Joaquim já estava em sua sala de aula. Ele ficou conversando comigo quando podia, trocando mensagens aleatórias e “engraçadas”.
                No começo da tarde, quase, eu fui pegar o Joaquim em sala. E meio que um pedido medíocre eu pensei em lhe fazer. Em mandá-lo ir para casa, sozinho. Não podia... O garoto tinha que almoçar. Pegamos um ônibus e fomos para o IFBA. Lá almoçamos, eu com o bilhete da matrícula comia a refeição servida numa bandeja, ele comia do self-service me saia um pouco mais caro. Mas ainda assim, era melhor que deixá-lo sozinho em casa.
                Fui ao banheiro e escovei meus dentes, escovei os do garoto também. O único lugar livre que lhe podia deixar era na biblioteca. Fiquei lá com ele até a hora em que horário batia. O Raphael geralmente me liga nesse horário, nesse dia não foi diferente. Ele me ligou e o único diferencial era que tinha outro ouvinte.
                Deixei o garoto na biblioteca enquanto fazia seus deveres, eu lhe prometi que voltaria ali no recreio. Dito e certo voltei, só que já íamos embora. O professor que iria dar aula nos últimos horários faltara.
- Alexandre – O garoto falou meu nome de forma estranha, e pela primeira vez...
- Oi? – Eu respondi com uma face estranha, sobrancelhas tortas, demonstrando exclamação.
- Pode levar este livro para mim, e ler a noite pra mim? – Ele dizia enquanto apontava para o livro.
- Posso sim, claro que posso. - O livro era de aventura, com magos e heróis em tudo quanto é canto.
                O garoto me abraçara e me chamara de pai... Era algo atordoadamente bom. Seus braços apertando minhas pernas, pois o garoto ainda era baixo. Levantei o garoto para meus braços e girava com ele como se fosse uma dança no gelo. Deslizávamos no chão até que...
- Senhor, coloque sua senha. – O rapaz do balcão pedia minha senha enquanto observava aquela cena micante.
                Digitei a senha e fui para a parada de ônibus com o garoto segurando minha mão. Perguntei como fora seu dia. Ele disse que já tinha feito alguns colegas, e que tinha feito vários brinquedos com massinha de modelar. Seus dedos ainda estavam um pouco sujos.
                Pegamos o primeiro ônibus que passou que, por sorte, dava em nosso bairro. Subimos e fiz o garoto passar por cima da catraca. Ele me aguardava já se sentando na janela. Com ele eu não podia discutir nada, ele iria por que queria na janela.
                Ventinho bom de sempre o garoto punha sua cabeça do lado de fora; eu como um responsável e logo o chato do momento – Odiava quando me falavam isso – disse para ele tirar a cabeça da janela antes que algo ruim acontecesse. O garoto tirou e ficou com a mesma cara de emburrado de sempre.
                O moleque continuava a por sua cabeça do lado de fora. Pus-me a rir quando um carro passou sobre uma poça e nele molhou a cara.
Ainda era cedo e chegamos em casa. Joaquim foi logo ao banheiro limpar o rosto. Eu fui logo jogando minhas cargas em qualquer canto e me deitei no sofá. Estava um sereno bom, tirava as meias e ouvia um som de água caindo do chuveiro. Fui até o banheiro saber se o garoto já sabia banhar sozinho. Ele estava passando sabonete já. Abriu o Box e estendendo a cabeça me olhava estranho.
- O que você quer aqui? – Ele perguntou – ele estava com o cabelo todo arrepiado
- Queria saber se sabia banhar sozinho.
- Mas é claro; quem não sabe?
Fechei a porta com um pouco de raiva. Dei-lhe banhos, sendo que o garoto sabia esse tempo todo, banhar-se sozinho; mas deixe pra lá. Não conhecia da história dele, e podia ser que ele tenha se acostumado com o muito, sozinho.
Peguei minha mochila e levei até o quarto; deitei-me na cama e comecei a fazer meus deveres. O garoto entrava no quarto e pegava uma roupa. Voltava ao banheiro e ia se vestir. Era estranhamente risível ver aquele pedaço de gente andando na casa. Um ser tão miúdo do qual já fazia tempo que eu não via.
Já vestido o garoto sentava-se ao meu lado e fazia seus deveres junto aos meus. Mais cedo ele terminou e foi ver tevê. Quando eu terminei fui até ele com o livro que tínhamos alugado. Comecei a ler, era livro nacional – O encontro marcado – O garoto ria das histórias do Eduardo. E tinha ideias parecidas com as dele, só que não era tão rebelde.
No meio do capítulo de quase cinquenta páginas o Raphael chegou. Limpava seus pés no tapete e entrava. Estávamos parecendo com aquelas famílias de filme, só de que de um modo incomum o marido esperava seu marido com seu filho.
Fechei o livro e lhe fui dar um abraço. Joaquim emburrado me olhava. Beijei-lhe a testa e levei-o até a cozinha, tirei-lhe a camisa e dei um pouco de água para ele. Eu sabia que ele não gostava de água, mas nem sabia o que estava fazendo. Voltei para o sofá e baguncei o cabelo do menino. Peguei o livro e voltei a ler.
Mais de dezenove horas o garoto já bocejava; eu já estava cansado de saber da vida de Eduardo e o ajeitei no sofá. Beijei-lhe a bochecha e me despedi dele dizendo que cedo ele teria de acordar para outro dia na escola.
Segui para o meu quarto e meu esposo me encontrava lá. Ele estava na cama usando o nootbok, terminava seu trabalho extra. Eu já cansara de avisá-lo para não trabalhar tanto, mas não me ouvia...
Deitei-me de bruços ao seu lado, e ele me olhava. Eu, com os cotovelos sobre o travesseiro eu lhe perguntava:
- Como fora seu dia?
- Foi bom – Assentiu ele.
- Você sabe que não é isso que quero ouvir... – Falei com um bico de emburrado.
- Então pergunte direito, oras.
- O que você fez no seu dia; desde o começo. Feliz agora?
- Eu fui logo cedo ao trabalho; lá recebi vários pedidos novos de propagandas, além de um site que estou tendo que fazer. Voltei pra casa depois de um tempo e aqui estou. Por pouco não pego chuva. E seu dia? Como foi? (e o que fez?) – Ele não dissera as últimas quatro palavras, mas eu as ouvi implicitamente.
- Meu dia foi divertido. Fui para a escola com o Joaquim, fiz a matrícula dele. E ele já pôde assistir aula desde...
- Eu não perguntei nada disso – Ele me interrompeu
- Eu sei, mas vou dizer mesmo assim!
- Desde hoje, e depois fomos ao IFBA, almoçamos – Ele me interrompeu novamente, dessa vez com um beijo no nariz e me chamou de bobo. – E deixei o garoto na biblioteca enquanto tinha aula; por sorte, um professor faltou e pude vir mais cedo. Pegamos um livro e estava lendo para ele há pouco.
-Interessante... E sobre o que é esse livro?
- Conta a história dum garoto chamado Eduardo. Ele é bem doidinho das ideias e ia atrás do que queria. Basicamente um rebelde sem calça
- “Causa”, você quis dizer?
- Não, calça mesmo. Sem calça o garoto fica de cueca, e na maioria dos protestos não se tiram as roupas como manifesto?
- Faz sentido...
- Depois eu que sou lerdo.
Continuávamos a trocar informações a esmo, e sem nem mesmo eu punha minha cabeça já de lado; estava cansado. Nem jantado tinha ainda, mas o sono era maior. Pus-me a dormir.
Era tarde quando acordei, meu marido estava dormindo. Levantei da cama e fui comer alguma coisa rapidamente. Fui no banheiro e urinei logo o que tinha em minha bexiga. Escovei os dentes e voltei para a cama. Deitei-me ao lado do meu esposo e o abracei. Fiquei com ele em braços até a hora de acordar, eu acho. Só sei que quando vi que estava dormindo, ainda sentia seu corpo nos meus braços.